sábado, 22 de março de 2014

(Só) Hoje

Mais um dia chega ao fim. Um dia que se sucede a todos os outros, num tiquetaque constante e definitivo.
Mas hoje, a tua presença nota-se em mim de uma forma especial. As minhas mãos querem as tuas entrelaçadas, juntando em corpo o que o coração já uniu.
A minha pele teima em querer o teu toque por todo o lado, deitando marcas de amor por entre os poros.
O meu corpo ainda reage ao teu, num reconhecimento em que não são precisas palavras, e quer encontrar-se com ele para uma dança.
Os meus olhos querem demorar-se nos teus, numa conversa de almas que não conseguem ter com mais ninguém.
O meu sorriso precisa do teu para juntos colorirem o mundo com as cores da verdadeira alegria.

Hoje, sinto-te novamente em mim.
Porque os meus olhos ainda te procuram em cada esquina e o teu perfume sempre me faz lembrar de ti. Porque ainda está no meu peito, este jeito de te querer tanto.

Peregrina

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Sol de Inverno


Às vezes ainda te penso. Não é por querer, não penses. Sem conseguir evitar, a minha mente navega para uma recordação nossa. 
Porque qualquer coisa - um carro, um cheiro, uma maneira de falar ou andar, uma música, um texto -, me faz lembrar de ti. De nós. De tudo o que éramos e agora não somos. E será que alguma vez verdadeiramente o fomos? 
Penso-te, sem me conseguir conter. E deixo-me ficar assim - fraqueza minha, eu sei - a pensar-te, a pensar-nos. 
E quando te penso, somos. Quando te penso, existimos. E rimos, sentimos, amamos. Não somos dois, mas um. 
E desejo-te, invoco-te, quero-te e tenho-te. E envolves-me, percorres-me, beijas-me e sentes-me. E amamo-nos, apaixonamo-nos, sufocamo-nos, descontrolamo-nos. 
E, por uns instantes, os instantes em que te penso - e não é por querer, não penses - sou de novo aquela menina mulher que já tem as estrelas mas procura o Sol. 
E encontra.

Peregrina

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

«Só»



Só o silêncio. Só ele é capaz de me fazer ouvir-me. Estar só com o silêncio. Só com ele. E ser capaz de me olhar por dentro, de me (re)conhecer uma vez mais. Cada vez mais. Só eu. Só eu tenho o dever de nunca me deixar levar pelo desânimo. De continuar sempre a caminhar, mesmo quando os pés estão cansados e o coração não tem vontade. Estar só. E gritar comigo, brincar comigo, rir comigo. Deixar-me estar comigo. Só comigo. Com a minha companhia. E sorrir comigo, só comigo. Porque afinal, nunca estou só. E só isso me basta. «Só».

Peregrina

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Mudanças



«Eu olho-me ao espelho todas as manhãs e pergunto a mim próprio, 'Se hoje fosse o último dia da minha vida, quereria eu fazer o que estou prestes a fazer hoje?'
E sempre que a resposta é "não" durante muitos dias seguidos... Eu sei que preciso de mudar alguma coisa.»

Steve Jobs 

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Esta frase, com a qual me cruzei há uns dias, chamou-me à atenção. Principalmente, porque fiz a mim própria essa mesma questão, e não consegui obter uma resposta satisfatória.
Todos nós temos dias em que nos apetece fazer tudo menos o que temos para fazer e estar com quem não podemos estar. Porém, quando essa não-vontade se repete por dias e dias, é porque algo precisa ser mudado na nossa vida.
No entanto, se falar é fácil, concretizar é um trabalho a longo prazo. Há mudanças que não dependem de nós, outras que exigem tempo para "levedar", outras que pedem muita coragem, e até outras que dependem da famosa sorte. Que consigamos sempre, de forma mais imediata ou não, mudar os "não"'s da nossa vida!

Peregrina

sábado, 11 de agosto de 2012

Amor Maior


"Por onde andas, meu amor maior? Porque me tens aqui cativa neste lugar onde a culpa e os fantasmas me perseguem? Quero de novo sentar-me junto à Fonte Nova, ouvir as águas que nela correm cantando o nosso amor a uma só voz, esconder-me deste mundo horrível e carrasco que teima em ver-me como uma maldição, esquecer-me de tanta perfídia e de toda a maldade que nos cerca e ser tua mais uma vez; sentir os teus dedos pelo meu corpo ainda fresco, saborear a força dos teus pulsos guerreiros em volta da minha cintura que a maternidade não roubou, respirar o teu ar enquanto encostas a tua cara nos meus cabelos loiros que tanto amas, sentir-te todo dentro de mim como um caudal de paixão e de força que nunca se cansa nem morre, na esperança de me dares ainda mais filhos saudáveis como os que Deus nos enviou. Perder-me nesse prazer indizível que o mundo só concede às meretrizes e às mulheres condenadas, fechar os olhos para te ver melhor, e à tua volta, como sinais do Divino, descobrir novas estrelas, brilhos funestos e cintilantes, e sentir no fundo mais fundo da minha alma que sou tua, que te pertenço íntegra e inteira, que este amor é tão forte, tão belo e tão certo que nem toda a malícia do mundo pode destruir."

in Minha Querida Inês de Margarida Rebelo Pinto